O que é equidade e por que esse conceito é diferente de igualdade

Nos últimos anos, uma palavra ganhou destaque na hora de falar de direitos humanos: equidade – e você já deve ter ouvido por aí. Só que, embora muitas vezes ela seja tratada como um sinônimo de igualdade, vale destacar que são coisas diferentes. Você sabe, afinal, o que é equidade?

Entender as especificidades que vamos explicar ao longo deste artigo é fundamental para podermos lutar por um mundo mais justo e que respeite a diversidade. Então, vamos lá?

Bora começa do começo. E, para isso, vamos dar uma olhada no que o dicionário Michaelis explica sobre a palavra equidade:

"Consideração em relação ao direito de cada um independentemente da lei positiva, levando em conta o que se considera justo. Integridade quanto ao proceder, opinar, julgar; equanimidade, igualdade, imparcialidade, justiça, retidão. Disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada um."

Pode ser meio complexa essa definição do dicionário. Você não achou também? 

Olha, de um jeito bem simples, é assim: o conceito de equidade refere-se a reconhecer as individualidades de cada pessoa, ou seja, entender que, na verdade, não somos todos iguais. 

Cada pessoa carrega consigo contextos distintos que precisam ser considerados ao ser oferecido acesso às mesmas oportunidades, quando se busca a igualdade na sociedade. 

Ou seja, para equilibrar a balança social, por exemplo, é preciso dar condições e acessos específicos a certas oportunidades para quem vem de condições menos privilegiadas. É o caso, por exemplo, das cotas para pessoas negras em universidades – uma reparação histórica pelo tempo da escravidão, que até hoje impacta a sociedade. 

Embora, no fim das contas, tanto a equidade quanto a igualdade busquem a promoção de uma sociedade mais justa, seus conceitos são diferentes na hora de oferecer essas oportunidades.

Podemos resumir que a grande diferença entre essas duas palavras está no fato de que a equidade considera todos os contextos e destina os recursos necessários para que cada cidadão possa ter as mesmas condições para alcançar um objetivo em comum.

Vamos a um exemplo bem simples para ilustrar isso:

Suponhamos que em uma sala de aula tenha um aluno sem qualquer tipo de deficiência e outro que possui dislexia. Seria justo que o professor avaliasse a qualidade da leitura dos dois da mesma forma, sabendo que um deles possui um transtorno genético que compromete sua capacidade de ler e escrever? 

Por isso a equidade é tão importante! 

O tema da equidade se aplica à questão de gênero e raça também.

No artigo “A mulher negra no mercado de trabalho”, a pesquisadora e doutora em economia Janaína Feijó mostra o abismo existente nesse quesito e como é importante olhar para a equidade. 

No estudo, ela destaca que mulheres negras recebem, em média, 26,98% a menos do que os homens brancos. No caso das mulheres brancas, suas remunerações são inferiores aos homens brancos em 20,42%.

A especialista destaca como os contextos sociais têm influência nesses números:

“As diferenças salariais remanescentes podem estar associadas à discriminação no mercado de trabalho, mas também às condições pré-mercado dos indivíduos. Nesse sentido, os desfechos observados no mercado de trabalho são afetados pelas diferenças pré-mercado (contexto familiar, educação dos indivíduos etc.) e essas diferenças são particularmente relevantes para entender os diferenciais de salário de raça e de gênero.”

Por isso, nesse caso, olhar para a equidade é, bom exemplo, oferecer treinamentos sobre vieses inconscientes para os chefes das empresas, porque eles podem deixar de promover uma mulher por algo que nem é consciente – simplesmente por se identificarem mais com funcionários do mesmo gênero que eles. 

A equidade entre homens e mulheres só será alcançada a partir da promoção de um tratamento justo entre homens e mulheres, de acordo com as suas necessidades.

Podemos destacar como fatores essenciais para que a equidade de gênero seja alcançada: 

Resumindo: só vamos viver em uma sociedade justa quando ela passar a oferecer as mesmas oportunidades para todos e todas. E, para isso, é preciso, antes de tudo, reconhecer as diferenças que ainda são tão gritantes na nossa sociedade. 

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Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.