Um guia para entender a história do movimento feminista
Você conhece o movimento feminista?Vem saber quais são as principais causas desse movimento social que luta pelo direito das mulheres na sociedade
Muito se fala sobre feminismo, e realmente precisamos, cada vez mais, discutir e colocar em prática todos os ideais pelo qual o movimento feminista luta. Mas você sabe quais são eles?
O movimento feminista
O feminismo é um movimento de luta pela igualdade de gênero, ou seja, tem como grande objetivo fazer com que homens e mulheres recebam as mesmas oportunidades e tenham acesso aos mesmos direitos.
Portanto, quando ouvir alguém dizer que feministas odeiam os homens, não se cale: reforce que só queremos viver em uma sociedade igualitária, em que os privilégios não sejam limitados a um só gênero.
Como começou a causa
Podemos dizer que, ao longo da história, existiram milhares de mulheres consideradas “rebeldes” e que não se calaram diante das injustiças e opressões a que eram acometidas pela sociedade patriarcal. Muitas dessas mulheres, por sinal, foram consideradas bruxas e duramente assassinadas pela inquisição.
Mas, o movimento feminista em si tem início com a chamada primeira onda do feminismo, que surgiu no final do século XIX. Naquele contexto, grupos de mulheres, que ficaram conhecidas como sufragetes na Inglaterra, organizaram-se para lutar por seus direitos, sendo que o primeiro a ser conquistado foi o direito ao voto, em 1918. Mas até terem suas reivindicações atendidas, muitas delas foram presas várias vezes, e fizeram greves de fome.
No Brasil, as sufragetes foram lideradas pela bióloga e cientista Bertha Lutz, que iniciou a luta pela conquista do voto e foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Em 1932, esse direito de votar foi promulgado no Novo Código Eleitoral brasileiro.
Esse feminismo inicial, tanto na Europa e nos Estados Unidos como no Brasil, perdeu força a partir da década de 1930 e só surgiu novamente, com importância, na década de 1960, quando então veio à tona a segunda onda do feminismo.
O que o movimento feminista defende
São muitas as lutas do movimento feminista ao longo dos últimos dois séculos, que envolvem condições equitativas, no que tange a lei, mas também comportamentos éticos por parte daqueles quem compõem a sociedade.
É importante destacar que direitos conquistados em algumas partes do mundo ainda não englobam todos os países. Portanto, divórcio, sufrágio (que é o direito ao voto), educação da mulher, direitos sexuais e reprodutivos ainda não fazem parte da realidade de todas as mulheres do planeta. Por isso, essa é uma luta que ainda não está ganha.
A feminista Audre Lorde tem uma famosa frase que resume isso: "Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”. Portanto, como já cantou a cantora Gal Costa, “é preciso estar atenta e forte”.
Tipos de agressão contra meninas e mulheres
Duas importantes conquistas do movimento feminista no Brasil, nas últimas décadas, envolvem o endurecimento das leis para punir a violência contra as mulheres. Tivemos a Lei Maria da Penha, em 2006, e a Lei do Feminicídio, em 2015, além da multiplicação de delegacias especializadas em casos de violência contra a mulher.
Segundo a Lei Maria da Penha, esses são os cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher:
Violência física
Conduta que ofende a integridade ou saúde corporal da mulher. Exemplos:
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Espancamento
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Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
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Estrangulamento ou sufocamento
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Lesões com objetos cortantes ou perfurantes
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Ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo
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Tortura
Violência psicológica
Conduta que causa danos emocionais e diminuição da autoestima; prejudica e perturba o pleno desenvolvimento da mulher; ou visa degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Exemplos:
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Ameaças
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Constrangimento
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Humilhação
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Manipulação
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Isolamento
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Vigilância constante
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Perseguição
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Insultos
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Chantagem
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Exploração
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Limitação do direito de ir e vir
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Ridicularização
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Tirar a liberdade de crença
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Prática de gaslighting
Violência sexual
Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, fazendo uso de intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
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Estupro
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Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa
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Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar
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Forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação
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Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher
Violência patrimonial
É qualquer ação que tenha como consequência retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos. Por exemplo:
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Controlar o dinheiro
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Deixar de pagar pensão alimentícia
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Destruição de documentos pessoais
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Furto, extorsão ou dano
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Estelionato
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Privar de bens, valores ou recursos econômicos
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Causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste
Violência moral
É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, como:
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Acusar a mulher de traição
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Emitir juízos morais sobre a conduta
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Fazer críticas mentirosas
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Expor a vida íntima
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Rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole
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Desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir
Ao primeiro sinal de qualquer uma dessas violências, não hesite em fazer a denúncia por meio da Central de Atendimento à Mulher, no número 180. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes.
Para finalizar, vale reforçar mais uma vez que feminismo não é um coletivo radical que busca promover o ódio e a divisão entre homens e mulheres. Esse movimento político e social busca conscientizar sobre a importância de combater a opressão, a violência sexual e a exploração femininas.
O que se quer é que sejam estabelecidas, de uma vez por todas, condições de igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em relação aos homens, com condições sociais justas em todos os setores da sociedade.
Se você quer se aprofundar ainda mais no tema, a gente preparou uma lista com 3 livros feministas que toda mulher deveria ler. Boa leitura 😉
Tati Barros
Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.