Escapes de xixi e prática esportiva
Você pode até pensar que perder xixi é uma consequência natural do envelhecimento. Pode pensar também que, aquela pequena gotinha que escapa enquanto você pratica um esporte, ou quando morre de rir com as amigas, é super normal e "acontece com todo mundo". E se eu te contasse pra você que é tudo mentira? Escapes de urina são sempre um problema, mesmo se for só uma gotinha, independentemente da sua idade, nível de atividade física e rotina. Se você perde, ou já perdeu xixi algum dia, saiba que o nome disso é "incontinência urinária".
A primeira coisa que você precisa saber é que existem 3 três tipos de incontinência urinária:
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Incontinência de esforço: é aquele escape que acontece quando você faz algum esforço que gera pressão na barriga, como tossir, espirrar, rir, pegar peso, praticar atividades físicas, etc. É como se você apertasse a sua bexiga pra baixo, e se a sua musculatura não tiver tivesse força suficiente para aguentar a pressão, , e o xixi sai sem que você queira. É o tipo mais comum em mulheres jovens em idade reprodutiva, e muitas das vezes começam a aparecer nos momentos em que você está fazendo mais esforço, como na hora de praticar alguma atividade física, ou tendo uma crise de riso;
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Incontinência de urgência: é o nome do escape que acontece quando você tem uma vontade muito grande de fazer xixi, e precisa de correr imediatamente para o banheiro para evitar que o xixi escape no meio do caminho. É muito comum em mulheres ansiosas, quando a urgência começa a aparecer como um sintoma dessa ansiedade, e, em algum momento, pode fazer o xixi escapar;
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Incontinência mista: é quando temos tanto os sintomas de esforço, quanto os de urgência em uma mesma pessoa. Muitas vezes, a incontinência se torna mista na medida em que se torna mais grave.
Características como o volume da sua perda, quantas vezes no dia/semana ela aparece, e o quanto isso te atrapalha no seu dia a dia servem para classificar a gravidade da incontinência, mas o fato é que mesmo perdas muito pequenas e raras precisam ser investigadas, porque elas têm a tendência de piorar ao longo dos anos, tornando-se mais graves.
A atividade física, como vimos, pode ser um dos momentos em que o escape aparece. E, a partir de agora, eu quero conversar um pouco mais com você sobre isso. A ATIVIDADE FÍSICA PODE SER O VILÃO, MAS TAMBÉM O MOCINHO NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA!
Atividades de baixo e médio impacto são fatores de proteção para a incontinência, ; isso significa que elas previnem os escapes de xixi, e ajudam você a tratá-los quando eles já estão acontecendo. Vale destacar que não é apenas o tipo de atividade que define o impacto, mas o como ela é realizada. Por exemplo, fazer musculação na academia pode ser maravilhoso para a sua saúde quando é realizada respeitando os limites fisiológicos do seu corpo, com acompanhamento de um educador físico especializado, e mantendo a estabilidade do assoalho pélvico durante os exercícios. Mas a musculação também pode ser péssima se realizada sem supervisão, com excesso de peso e sobrecarga. Por isso, é importante prestar atenção no tipo de atividade que você escolheu fazer e realizá-lo de forma segura; assim você vai atingir o objetivo de ter uma vida mais saudável.
Alguns exemplos de atividades de baixo e médio impacto: natação, ioga, pilates, caminhada, dança.
Já as atividades físicas de alto impacto são fator gerador da incontinência. Isso significa que elas podem causar a perda de urina ou piorar os sintomas em quem já a tem; novamente lembrando que existem sim algumas atividades físicas que são muito características do alto impacto, como aquelas que incluem saltar, pular e correr, porque a pressão gerada na barriga é de fato muito grande. Mas iIsso não significa que elas sejam proibidas, ou totalmente maléficas, mas sim que antes de realizar realiza-las, você deveria procurar uma fisioterapeuta pélvica para aprender a fazer os exercícios com segurança, com e menores riscos para a saúde urinária.
Alguns exemplos de atividades de alto impacto: jump, crossfit, pular corda, corrida, vôlei, ginásticas artísticas.
Bem! Agora que você já sabe que a atividade física pode tanto ajudar quanto atrapalhar a saúde da sua bexiga, vou passar algumas dicas maravilhosas, para que se sinta segura ao fazer o que te faz bem pra você:
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Se possível, dê preferência a atividades físicas de baixo e médio impacto. Elas são mais seguras e recomendadas pelo ministério da saúde;
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O sedentarismo não é uma boa opção, não fazer atividades nenhuma também prejudica o assoalho pélvico;
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Assim como você vai uma vez por ano ao ginecologista, também marque consultas anuais com a fisioterapeuta pélvica. Assim, você irá manter a saúde pélvica em dia, e intervir precocemente sempre que necessário;
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Antes de entrar em qualquer atividade física, retorne na fisioterapeuta pélvica para receber instruções específicas para a atividade que você vai realizar;
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Na hora de fazer algum exercício, preste atenção ao seu assoalho pélvico (músculos que você usa para segurar o xixi e o cocô). A consciência corporal de perceber se eles estão relaxados ou contraídos no exercício vai te ajudar muito a aprender mais rapidamente a controlar a perda de xixi quando você procurar a fisioterapia;
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Não se esqueça de manter uma boa alimentação e beber muita água: um corpo nutrido e hidratado é condição indispensável para a saúde;
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Mesmo que você perca xixi, não deixe de beber água. A urina muito concentrada é irritante para a bexiga, e pode piorar o sintoma. Procure ajuda!;
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Durante o período menstrual, a perda de urina pode piorar. Procure usar produtos adequados para ter conforto na hora do exercício. Mas não se acomode, ; procurar o fisioterapeuta ainda é necessário;
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Grávidas não devem fazer atividade física sem antes passar pela indicação do fisioterapeuta pélvico. Somos os profissionais do movimento humano responsáveis para por liberar (ou barrar) a prática de algumas atividades. Durante a gravidez, o corpo muda muito, e precisa de cuidados especiais para manter a segurança.
Espero ter te ajudado a compreender o que é a incontinência urinária, o papel da atividade física na prevenção, mas também na piora dela, e motivado você a procurar a ajuda do profissional especializado para tratar os escapes de xixi. A incontinência, assim como outras disfunções pélvicas, tem tratamento. E, quanto antes você se cuidar, maiores são as chances de cura.
Yasmin Xavier dos Reis - Crefito 4/294002-F