Questionando Estigmas

Bora entender o que é coito interrompido

Tati Barros
23 Aug, 2022
4 min. de leitura
desenho de casal deitado

O coito interrompido pode engravidar, sim. Vem entender melhor esse método antes de tomar a sua decisão

Por mais que se fale muito da importância de usar camisinha, seja para evitar uma gravidez indesejada ou para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, várias meninas já passaram pela situação de, durante a relação sexual, o parceiro pedir pra não usar preservativo. A desculpa, muitas vezes, é de que a camisinha incomoda ou atrapalha o desempenho e o prazer. Nessa hora, pode vir a proposta de "tirar antes de ejacular". Isso tem um nome: você sabe o que é coito interrompido? Bora entender bem essa prática, pra tomar decisões com mais conhecimento.

 

 

desenho de pessoas na cama

 

O que é o coito interrompido

O coito interrompido é o método em que o homem retira o pênis da vagina um pouco antes da ejaculação, quando ele sente que vai gozar, com o objetivo de evitar uma gravidez. Só que há várias razões que fazem com que esse seja um método contraceptivo pouco eficaz.

 

A cartela Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais”, elaborada pelo Ministério da Saúde, diz que uma delas é o fato de que o homem pode liberar espermatozoides pelo líquido seminal antes mesmo da ejaculação. Então, ainda que reduzidas, há, sim, chances de engravidar, mesmo interrompendo a penetração antes da ejaculação.

  

Coito interrompido pode engravidar, sim!

Um estudo, realizado pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, mostra que cerca de 4% dos casais cujo homem interrompe a penetração antes de ejacular engravidam ao longo de um ano.

 

A mesma publicação, no entanto, cita outras estimativas, de outros estudos, e que os próprios pesquisadores dizem ser mais realistas”, indicando que cerca de 18% dos casais engravidarão dentro do mesmo período utilizando o método do coito interrompido. 

 

E tem um agravante quando se fala desse método. Um artigo médico publicado no Medical News Today mostrou que raramente o coito interrompido é utilizado de forma correta (que seria tirar o pênis antes mesmo da liberação do líquido pré-seminal) e, por isso, a taxa de sucesso costuma cair para 78%.

 

Os riscos do coito interrompido

Além do coito interrompido trazer o risco de uma gravidez não planejada, há outra grande problemática nesse método: o fato de ele não proteger da contaminação das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). 

 

Ainda de acordo com a cartela publicada pelo Ministério da Saúde, a camisinha masculina ou a camisinha feminina deve ser usada em todas as relações sexuais, independentemente do uso de outro método anticoncepcional. Isso porque a camisinha é o único que oferece dupla proteção, o que quer dizer que ela protege ao mesmo tempo das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez.

 

Métodos contraceptivos mais indicados

 

Os preservativos externos (camisinha masculina) aparecem com 98% de eficácia com uso perfeito e 82% com uso típico, enquanto os preservativos internos (camisinha feminina) são cerca de 95% eficazes com uso perfeito e 79% eficazes com uso típico.

 

Em relação aos contraceptivos orais, que são as pílulas anticoncepcionais, se for feito o uso o uso perfeito (no mesmo horário todos os dias, por exemplo), há 99% de eficácia, enquanto o uso típico é 91% eficaz.

 

desenho de menina com corações

 

Ao usar dois métodos combinados, como preservativo e pílula, é possível garantir 99% de chances de não engravidar, e de quebra você ainda se previne da contaminação de infecções sexualmente transmissíveis

 

Por tudo isso, agora, você já sabe: se o seu parceiro propor “tirar antes”, o risco de engravidar ou rolar alguma transmissão de doença existe e não é pequeno! Cuide-se!

 

Tati Barros

Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.

 

  

 

 

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