Estigmas da Sexualidade - Derrubando estigmas sobre nosso corpo
Conheça os estigmas da sexualidade feminina, autoconhecimento é essencial para combater estigmas e falta de informação da sociedade. Leia mais!
Descobrir o próprio prazer é fundamental para termos liberdade na vida sexual e amorosa
Estigmas são sempre complicados, principalmente aqueles compartilhados entre gerações e que acabam se tornando verdades absolutas, que impedem as pessoas de fazerem ou pensarem de qualquer maneira que não seja a “padrão”.
No “departamento feminino” dos estigmas, até hoje eles atrapalham muito o nosso prazer e a nossa liberdade sexual, porque muita gente se posiciona como se a gente não merecesse (nem pudesse) sentir prazer e que o sexo devia ser apenas para engravidar.
Por isso, nunca fomos incentivadas a conhecer nossos corpos e fomos ensinadas a sentir vergonha e esconder muita coisa relacionada a ele (incluindo até a nossa menstruação); isso sem falar na (re)pressão que sempre sofremos para manter a nossa “honra” e a nossa “pureza” até o casamento, como se isso fosse a única coisa que importasse - e não nossa personalidade, nossa afinidade com a outra pessoa ou os planos que vocês tenham juntos. Sim, um resumo rápido da história mostra que nós mulheres já fomos muito prejudicadas pelos estigmas.
Falando de sexualidade, um dos principais estigmas está relacionado à masturbação. Mais do que “apenas” uma forma de sexo, ela é uma experiência de descoberta e conhecimento do próprio corpo: só nos tocando e percebendo o que nos agrada (ou não) é que conseguiremos sentir prazer - sozinhas ou acompanhadas. Como você deve ter lido ou ouvido falar, até poucos anos atrás, tinha muita coisa que nós mulheres não podíamos fazer, né? Pois é, sentir prazer no sexo era definitivamente uma dessas coisas: se as mães e avós não conversavam nem sobre questões como a puberdade ou a menstruação, não dá pra achar que iam falar sobre como fazer do sexo uma coisa boa pra todo mundo - talvez elas nem soubessem explicar, né?
E se sentir prazer não é algo que se aprende nos livros ou num tutorial do YouTube, tem que perguntar mesmo, seja para as amigas, primas mais velhas ou qualquer pessoa em quem você confie e que pode te ajudar a entender tudo isso. O importante é lembrar que perguntar sobre o seu prazer individual não é errado, nem te torna menos nada por se interessar pelo assunto - só uma pessoa curiosa com o próprio corpo, ok?
Talvez, porque você não conheça tanto sobre a sua sexualidade e o seu corpo, pode achar que o que você vê em filmes eróticos (os conhecidos pornôs) é o que acontece na vida real, com casais reais. Esse é outro estigma da nossa sexualidade: nós não somos atrizes pornôs! Nosso corpo não está sempre pronto para o sexo, não temos orgasmos múltiplos com frequência e a penetração não é o único estímulo que nos leva a um orgasmo.
Esse ponto é importante reforçar porque nos dias de hoje, a “educação sexual” de muitos adolescentes foi basicamente assistir a esse tipo de vídeo, que é uma visão distorcida e maquiada do que é o sexo, principalmente no que diz respeito ao prazer feminino.
O nosso corpo tem muitas zonas erógenas, sim, mas o nosso prazer também está relacionado a estar relaxada, ter alguma atração pela outra pessoa (e por atração, pode ser “quero casar e envelhecer ao lado dela” ou “meu deus, que delícia de corpo!”, tá?), rolar aquele jogo de sedução básico e um monte de outros fatores que não aparecem nesses vídeos. Basicamente, uma relação de verdade - sem importar se vocês se conheceram pelo Tinder mês passado ou se estão num namoro sério e comemorando o quinto aniversário.
Falando em orgasmos, que acontecem com bastante frequência em qualquer filme desse gênero, eles demoram mais para acontecer na vida real - e nem é uma “obrigação” de ninguém que ele role, muitas vezes só de estar ali, curtindo aquela pessoa, vocês já estão mais do que satisfeita. Então pode desencanar disso também, combinado? Cada pessoa e cada corpo tem o seu tempo e o seu jeito de ter prazer e precisamos aceitar isso. Estar com alguém que te respeite e goste de você é tão excitante quanto o orgasmo em si, acredite!
Claro que se você estiver mega preocupada com isso, pode passar na sua médica para fazer alguns exames e descartar que não tem nada fisicamente errado com o seu corpo. E, a partir daí, a recomendação médica vai ser relaxar e curtir a sua companhia incrível: quando você menos esperar, o orgasmo vem!
Outra coisa que, de tanto falarem, mais parece lenda urbana é o ponto G. Sim, ele existe, mas pode ser que você só descubra onde ele está no seu corpo depois de algum tempo, ok? Um monte de estudos já mostrou que ele existe, porque nosso corpo tem várias terminações nervosas conectadas indo do clitóris (a parte “externa”) ao ponto G, que fica dentro da nossa vagina. Por isso, não fica na pilha de descobrir onde ele fica: sexo é sobre curtir o seu corpo e o da pessoa que está com você, beleza?
Sobre o “curtir o seu corpo”, todo mundo tem aquele detalhe que mudaria se pudesse ou aquela parte que não gosta tanto assim na gente mesma, né? Mas isso não deve te impedir de viver tudo o que o seu corpo pode te permitir por vergonha ou medo de estar sem roupa (ou com pouca roupa) na frente de outra pessoa. Nessas horas, vale esquecer das capas de revista de dieta, das modelos que você vê na TV e se concentrar no olhar de quem está ali, com você: essa é a única “resenha” que vale a pena, e fica tranquila que uma cicatriz, uma celulite ou uma estria não vai afetar o resultado final - na verdade, a chance é que ela nem entre na avaliação. Até porque você provavelmente não fez a mesma coisa com essa pessoa especial que está com você: talvez o sorriso ou a risada estão entre as coisas que você lembra quando pensa nela - e isso é sinal de que se esses detalhes não importam para você, não vão importar para ela. Curtam-se!