Já ouviu essa palavra? Misógino, o que é?
Entenda por que a misoginia é algo a ser combatido
Vivemos em uma sociedade letal para as mulheres, e não estamos exagerando. Os números comprovam essa afirmação tão triste. Em 2021, em média, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 7 horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Feminicídio, pra quem não sabe, é o homicídio (ou assassinato) praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher. E a origem para essa tragédia social tem nome: misoginia.
O que significa a palavra misógino
Para resumir de forma bem simples, misoginia é o sentimento de ódio, repulsa e aversão às mulheres. Pois é, gente, existe isso 😓 O termo tem origem nas palavras gregas “miseó”, que significa “ódio”, e “gyné”, que significa “mulher”. E, pode acreditar, o termo não tem nada de novo e realmente “nasceu” na Grécia antiga, mas falaremos disso mais pra frente neste mesmo texto.
Antes, é importante entender que a misoginia faz parte de uma estrutura patriarcal de sociedade, que se fortaleceu por séculos e séculos, deixando os homens no poder em um cenário em que eles dominam as mulheres. Nesse formato de sociedade, os homens acabam ficando com o controle sobre as vidas e os corpos das mulheres, nos excluem socialmente, nos objetificam e nos violentam das mais diversas formas – seja emocional, física, sexual, moral ou psicologicamente.
Com o passar do tempo, vimos muitas conquistas dos movimentos feministas ao longo dos anos, mas ainda podemos perceber que a misoginia, sim, existe.
Dá uma olhada em mais esses números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2021:
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86,9% das vítimas de violência sexual no país são do sexo feminino
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Em 2021, ocorreram 1.319 feminicídios no Brasil
Assustador, né? E não para por aí. Ao que tudo indica, a pandemia da covid-19 agravou ainda mais esse cenário, que já era grave. Em 2021, ao menos 100.398 meninas e mulheres registraram casos de estupro em delegacias de polícia de todo o país. É muito triste tudo isso, e esses dados são, sim, resultado da misoginia, que faz alguns homens verem meninas e mulheres como objetos dos quais podem se apoderar e fazer o que bem entenderem.
Como falamos mais no começo do texto, o termo "misoginia" tem sua origem na Grécia Antiga. Estudiosos do assunto afirmam que os pensamentos do famoso filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) reduziam o papel da fêmea (e da mulher, no que se refere à espécie humana) à procriação.
Essa ideia, explicam os pesquisadores, influenciou fundamentalmente a formação da misoginia tradicional, e teve grande influência nos pensamentos medieval e moderno. Tanto que vem desde aquela época o poder do patriarca (pai da família) e o hábito de, após sua morte, transferir esse poder para o filho homem mais velho, e não para a esposa.
Diferença entre misoginia, machismo e sexismo
De certa forma, esses três conceitos estão super relacionados e, por isso mesmo, é tão comum confundi-los. Afinal de contas, essas três palavras fazem parte do sistema que inferioriza a mulher.
Enquanto a misoginia é o ódio e a aversão à figura feminina, o machismo é a prática que se origina a partir desse sentimento. Ele é revelado por meio de opiniões, visões e atitudes que reforçam essa distinção social entre o masculino e o feminino, que privilegia e enaltece o homem, enquanto oprime a mulher, criando uma hierarquia entre os gêneros.
Já o sexismo pode ser visto como um conjunto de práticas discriminatórias baseadas no gênero/sexo e que atinge, predominantemente, mulheres e meninas. Sabe aquela ideia de que azul é cor de menino e rosa de menina, ou quando alguém diz que ser astronauta é coisa de menino? Esses são bons exemplos de sexismo, pautado por estereótipos e regras de comportamento.
Para se aprofundar nesse tema e entender a importância da luta feminista para combater a misoginia, indicamos três livros que toda garota precisa ler: clica aqui para saber quais são. Tem alguma dica pra gente se aprofundar no assunto? Compartilha aqui nos comentários.
Tati Barros
Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre estou envolvida com essa temática.