Automutilação é assunto sério. Saiba como pedir ajuda
Saiba como identificar alguém que se automutila e como ajudar
A adolescência pode gerar sentimentos conflitantes e que atingem a nossa saúde mental e emocional. Não é mesmo fácil passar por uma fase que é marcada por tantas mudanças, por hormônios a mil e você precisando lidar com um “novo eu”. Diante disso, precisamos falar de um assunto muito sério: a automutilação.
Essa agressão, algumas vezes, é a forma que adolescentes encontram para expressar seus sentimentos. Mas, se ferir, definitivamente, não é a melhor saída para curar algo que machuca a gente por dentro, concorda?
O que é automutilação?
Esse é o termo usado para definir o ato de violência autoprovocada (ou seja, uma violência feita por nós em nós mesmas) com frequência, como forma de aliviar sentimentos como tristeza, raiva, culpa, entre outros. Ela também é chamada de autoagressão e autolesão.
Se você está se perguntando por que alguém se machuca propositalmente, a gente explica. A dor física pode ofuscar a dor emocional. E aí a pessoa machuca o corpo para esquecer da dor emocional. Mas isso dura minutos. É só a endorfina, um hormônio que funciona como analgésico natural, entrando em ação. Passado o efeito, os sentimentos difíceis, como culpa e frustração, voltam com toda força.
E automutilação é um caso de saúde pública, sabia? Entre 2011 e 2018, foram notificados no Brasil mais de 300 mil casos de violência autoprovocada. Quase metade desses casos ocorreu na faixa etária de 15 a 29 anos, sendo 67,3% nas mulheres e 32,7% nos homens.
A automutilação é um pedido de socorro. É uma forma não verbal de gritar por ajuda, e se não for tratada por trazer consequências por toda a vida.
Como identificar a automutilação
Vamos listar alguns comportamentos comuns de alguém que pratica a automutilação, que estão em uma cartilha do Ministério da Saúde:
• Ansiedade e tristeza intensas;
• Apatia;
• Dificuldades nas relações interpessoais;
• Isolamento social;
• Mudanças bruscas de comportamento;
• Perda do interesse por atividades que antes gostava;
• Roupas de frio usadas em período de calor (para esconder os machucados);
• Irritação e agressividade sem motivo aparente;
• Tédio frequente;
• Achar que é um problema para todos ao redor;
• Cicatrizes, cortes, arranhões e hematomas;
• Achar que, se morrer, ninguém vai sentir sua falta ou notar alguma diferença;
• Achar que ninguém pode ajudar na solução de seu problema;
• Achar que seus problemas não têm solução;
• Alteração do peso;
• Alteração do padrão de sono
• Piora no rendimento escolar
E o que fazer para ajudar alguém que pratica automutilação?
Se você identificar que alguém próximo está se autoagredindo, antes de qualquer coisa, converse com a pessoa. Pergunte como ela está se sentindo, se tem algo a incomodando e a deixando triste.
Mostre que você está ali, ao seu lado, disposta a ajudá-la e que ela não está sozinha. E é muito importante (muito mesmo!), comunicar a família sobre o que está acontecendo, para que os pais ou responsáveis procure um atendimento psicológico ou psiquiátrico.
Sozinho é mais difícil sair desse ciclo. Conte com ajuda médica para salvar quem você ama (e isso inclui, principalmente, você mesma, viu?).
Tati Barros
Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.